Técnica faz alerta, em Reunião Especial, para alto consumo de água na cidade
TRecursos hídricos: um estudo sobre a bacia de Sete Lagoas e região. Esse foi o tema da Reunião Especial em comemoração ao Dia Mundial da Água promovida pela Câmara em consideração a requerimento do vereador Cláudio Caramelo (PRB). O presidente do Legislativo abriu os trabalhos e falou da importância da sessão que já originou vários projetos importantes, alguns já se transformaram em leis municipais. Ele destacou ainda que vários vereadores estão engajados no tema e que de toda sessão saem encaminhamentos importantes.
A professora da UFMG e doutora em ciência do solo, Adriana Monteiro, apresentou um estudo sobre o trajeto da água no município de Sete Lagoas. A especialista dissecou a Bacia do rio Jequitibá onde Sete Lagoas está inserida e revelou que a área de preservação nativa do espaço é de apenas 15%.
Segundo Adriana, a escassez hídrica está relacionada a uma série de fatores “e não só ausência de precipitação”. Ela alerta que algumas áreas precisam ter um manejo adequado. “A gente precisa conhecer a área do município para fazer os projetos e propostas”. Por fim, a professora disse que “precisamos nos apropriar de estudos para fazer políticas públicas. Utilizar conjunto de informações que já estão sendo geradas”.
Na sequência o engenheiro agrimensor e ambiental, Laudo Luiz, falou sobre a constituição de Áreas de Preservação Permanente (APAs), em especial as do Marinheiro, que tem 1.482 hectares, e do Machado que tem área de 1.384 hectares e que estão em fase final de estudo. As APAs de Santa Helena, do Ribeirão do Paiol e da Lagoa Grande já foram instituídas por lei. “Mas, pasmem, nenhuma das três tem plano de manejo”, lamentou Laudo.
Do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, a técnica química Giucélia Cristina abordou a questão da captação subterrânea e superficial de água da cidade. Ela atua no laboratório de controle de qualidade do SAAE e esclareceu sobre o processo de tratamento da água que é captada e tratada na estação que fica em Funilândia.
Ela citou ainda um trabalho de educação ambiental com ações voltadas para o “despertamento da consciência das pessoas com relação ao desperdício”. Várias pessoas tiveram a oportunidade com o programa de conhecer os processos de tratamento nos laboratórios da autarquia.
A economia do bem também foi lembrada quando a técnica destacou dados sobre o consumo de água da cidade. Gilcélia revelou que o gasto diário na cidade é de cerca de 180 litros dia por habitante. A média de consumo do Brasil é de 154 litros/dia enquanto que a média recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de 110 litros por dia.
Algumas ações desenvolvidas pela secretaria municipal de Meio Ambiente foram abordadas pelo gestor da pasta. Nadab Abelin lembrou da gincana do meio ambiente que envolveu mais de oito mil estudantes de 35 escolas. “Pegamos as escolas para trabalhar educação ambiental com os filhos e os pais”.
Abelin lamentou a falta de consciência de parte da população que não contribui com o poder público. “O descarte de entulho na cidade é assustador. As pessoas fazem podas, reformas e jogam no lote próximo de casa”, disse. Para amenizar o problema foram criados pontos de coleta. “No terminal de transbordo, no centro, colocamos pontos de coleta para o descarte correto de pilhas e baterias. É um trabalho de formiguinha”, conformou.
Pela Câmara, Milton Martins (PSC) admitiu que “a coisa é lenta, mas já se aprofundou. Ganhamos muito com essas discussões”. O vereador completou dizendo que “fala se muito em conscientização, mas os próprios moradores de áreas não ajudam e, às vezes, tem medo de denunciar. O que a gente vê na mídia pensa que não vai acontecer com a gente, mas acontece”, refletiu.
Para Renato Gomes (PV), “poderíamos estar em uma situação pior se discussões com esta não acontecessem, mas precisamos avançar mais e esses debates não podem parar”. O vereador reforçou que o poder público precisa fazer um controle diário. “Órgãos de fiscalização tem poder fundamental. Temos que unir forças para concluir a obra da Estação de Tratamento de Esgoto”.
Na conclusão da sessão, realizada nessa quinta-feira (21), Caramelo também cobrou a obra da ETE que está parada e que, de acordo com o SAAE, pode ser retomada nos próximos meses. O presidente da Câmara pediu também que seja avaliada a possibilidade de aumentar a captação de água do Rio das Velhas para que seja diminuída a produção dos 114 poços artesianos ativos hoje em dia na cidade.