Os meios de comunicação atuais, principalmente as redes sociais, proporcionam uma exposição exacerbada da vida, do corpo, dos hábitos e cuidados em gerais. Vive-se uma “vida paralela” por detrás das telas, onde é possível escolher o melhor filtro. filtra-se quase tudo, o melhor ângulo, a melhor fala, o melhor look, e porque não a melhor VIDA. As redes sociais e os vários aplicativos de edição sugerem que é possível, passar ao outro uma imagem ditada e ou editada como perfeita, aquele que do outro lado assiste tem seus instintos aguçados, para alcançar aquilo que acredita ser a imagem ideal, ou a vida ideal, é capaz de passar por todo ou qualquer tipo de processo seja ele estético, cirúrgico ou de outra ordem. Qualquer sacrifício aqui é válido, seja ele a busca por cirurgias invasivas como a lipoaspiração, lipoescultura, lipo lad entre outras, além disto, pequenos procedimentos como botox, harmonizações e preenchimentos.
Essas vidas constantemente expostas, desperta o desejo do sujeito de igualar-se, ou pelo menos se aproximar daquilo que ele considera como ideal. Entretanto esquecem de avisar que um story tem no máximo 60 segundos, e um dia 24 horas, esta vida, vista como ideal, algumas vezes não é real. A busca pela satisfação do desejo de ter esta vida e imagem sugerida pelos chamados influencers, aquece o mercado estético e da moda, que oferta cada vez mais padrões e produtos. A vida por detrás das telas, e a ajuda dos algoritmos impulsiona o consumo, estabelece uma relação ilusória entre o viver bem e o poder do consumo, sugerindo que aquele que se encaixa nos padrões de consumo vive melhor ou mais feliz, por outro lado, a compreensão subjetiva de determinadas pessoas, é de que aquele que não detém esse poder de consumo, seja de procedimentos, consultorias, marcas, pílulas e afins, é excluído e ou quem sabe infeliz. Cabe aqui questionar, então o trabalho dos profissionais que vendem estes serviços é um desserviço? A resposta é NÃO.
A ideia aqui não é criticar ou difamar o uso de procedimentos, cirurgias, consultorias, que trabalhem a imagem, estilos, finanças, etc, longe disso. A razão é alertar até onde o sujeito, está preparado para consumir este tipo de serviço. Vivemos na Era da busca pela melhor versão, e a mesma, não é somente sobre o corpo, é sobre roupa, rotina, finanças, para tudo tem um consultor. Antes de tudo é importante analisar esta busca. Essa tal melhor versão é sobre SER melhor ou PARECER melhor? Parecer melhor deixa escapar o SER, quando você PARECE, ou APARECE você se parece ou aparece com/para alguém, quando você busca SER, VOCÊ É, por sua identidade, condição ou singularidade.
E então não devemos ir atrás dessa tal melhor versão?
Claro que sim! Mas antes de qualquer consultoria externa que tal começa-la por dentro?
No processo psicoterapêutico, o profissional busca junto ao sujeito a ressignificação da sua existência, se apoiando no SER e deixando escapar o PARECER, em uma tentativa de resgatar a autenticidade. É necessário que sujeito retome a sua subjetividade, reconquiste seus valores e sua autonomia, e não viva apenas como uma marionete à mercê dos stores, almejando uma vida e uma HISTÓRIA que não é dele. Os veículos de informação são significantes por atingir boa parte da massa, as redes sociais e até mesmo a televisão, podem ser utilizadas não apenas como janela para espiar o que acontece na vida alheia, mas como uma forma de levar o conhecimento, sobre questões importantes como a autoestima, depressão, ansiedade, dentre tantas outras possibilidades.
É válido ressaltar aqui, sobre o consumo deste material, de forma consciente, e sempre a favor do sujeito, na tentativa de buscar conhecimento e informação. As mídias principalmente as redes sociais, podem auxiliar no processo e na tentativa de empoderar-se, mas não permita que ela se apodere de ti. Antes de qualquer story, escolha a sua história, e a psicoterapia será o “perfil” o mais indicado para tal feito.
Tudo mundo merece buscar a sua melhor versão e ela vem de dentro.
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