Criança versus tecnologia: Qual é o limite?

Criança versus tecnologia: Qual é o limite?

Em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas tem perfis e compartilham suas fotos, ideias, mensagens e arquivos em plataformas como Instagram, Facebook, Twitter, Youtube, WhatsApp, entres outras. Crianças e adolescentes de hoje já nasceram em um mundo conectado na internet, no entanto, isso não significa que o acesso deva ser ilimitado. Independentemente das vantagens que esses ambientes oferecem, eles são encarados como a face mais perigosa do espaço virtual. A rede é uma porta aberta para diferentes perigos. Portanto, como deixar que essa geração digital, que não conhece a vida sem internet, a utilize  com segurança?

Perguntamos a alguns pais como é a relação de seus filhos com a internet. Acompanhe abaixo:

 

 

O jornalista, professor e especialista em Novas Tecnologias Marcelo Sander fala como a tecnologia pode contribuir no crescimento e desenvolvimento das crianças.

As novas tecnologias podem auxiliar no que é aprendido em sala de aula. Minha filha, por exemplo, de seis anos, interage com aplicativos da faixa etária dela desde quando tinha dois anos. As cores, formas, números, evoluindo até o alfabeto e, hoje, gosta muito do Duolingo, um aplicativo que ensina inglês. Claro, ela também tem direito a assistir seus desenhos favoritos no YouTube ou na Netflix. A diversão também é importante.

Limites, desde sempre! É realmente viciante e temos que nos policiar quando usamos o telefone perto das crianças. Elas agem pelo exemplo. O sentimento é horrível quando sua filha diz: “mas você fica no telefone, papai. Por que eu não posso?”. Certo dia na escola a professora pediu para que as crianças desenhassem os pais. Minha filha me desenhou deitado no sofá com o telefone na mão. A carapuça serviu direitinho. A linha é tênue. Não podemos negar essa fantástica tecnologia às nossas crianças, mas também devemos evitar que elas percam a melhor fase da vida submersas no mundo virtual, ainda mais em um período em que elas estão desenvolvendo a capacidade de interagir com o mundo real, com as pessoas. Prefiro não especificar um tempo máximo de exposição, mas reforçar que pra tudo tem hora: brincar, estudar, comer, dormir, ver TV e ficar no tablet ou celular. E os pais, claro, devem dar o exemplo (como é difícil…rs).

É um baita desafio ter que lidar com essa geração que já nasce conectada. De vez em quando encontro aplicativos que não instalei no meu celular e fotos e vídeos que não fiz. É uma geração “pós-digital”. Para eles, não existe estar conectado ou não conectado. É tão natural quanto eletricidade, água. Outro dia fomos pra roça e tentei explicar pra minha filha que no local em que estávamos não tinha internet. Ela me perguntou o que era internet (rs). Em casa tento mesclar diferentes mídias com minhas filhas. Assino revistas, às vezes compro jornal. Imprimo desenhos para elas colorirem. Soltamos pipa. Brincamos com jogos de tabuleiro ou esportes como queimada, vôlei, peteca e ping pong. O maior desafio é encontrar esse ponto de equilíbrio entre o real e o virtual. Ambos são importantes.

Eu sou completamente à favor do uso de tecnologia pelas crianças. Acho que o mais importante é colocar a criança como protagonista e não apenas receptora passiva do que acontece. Outro  dia percebi que minha filha preferia assistir a vídeos no YouTube com crianças brincando com brinquedos do que a desenhos. Diante disso, propus a ela: “que tal gravarmos nossos próprios vídeos com você brincando?”. Ela topou na hora. A gente combina o roteiro antes, seleciona os brinquedos, grava, regrava, edita, insere música e coloca no YouTube. Ela acha o máximo contar para parentes e amigas que tem vídeos dela no YouTube (rs).

A tecnologia serve também para educar. Ela é como uma faca. Pode tanto matar alguém como fatiar uma suculenta picanha. É uma ferramenta incrível se bem utilizada. Além de impor limites, acho importante acompanhar o que os filhos fazem e assistem na internet, tentar ser amigos nessas horas e orientar tipo “que tal assistirmos um desenho mais educativo ao invés desse mais violento?” ou “vamos jogar um game online que nos ensina algo e não esse que não serve pra nada?”. É função nossa enquanto pais orientar os gostos pessoais dos filhos também na tecnologia, assim como fazemos com música e com comida, por exemplo. Outro dia minha filha me fez uma pergunta que eu não sabia responder. Ela mesma tentou ajudar: “pesquisa no Google, papai”. É por aí. rs.

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