Em todo o mundo, mais de um bilhão de pessoas tem perfis e compartilham suas fotos, ideias, mensagens e arquivos em plataformas como Instagram, Facebook, Twitter, Youtube, WhatsApp, entres outras. Crianças e adolescentes de hoje já nasceram em um mundo conectado na internet, no entanto, isso não significa que o acesso deva ser ilimitado. Independentemente das vantagens que esses ambientes oferecem, eles são encarados como a face mais perigosa do espaço virtual. A rede é uma porta aberta para diferentes perigos. Portanto, como deixar que essa geração digital, que não conhece a vida sem internet, a utilize com segurança?
Perguntamos a alguns pais como é a relação de seus filhos com a internet. Acompanhe abaixo:
- “Meu filho nasceu em uma época em que tudo é baseado em tecnologia. Essa geração não brinca como antigamente. A vantagem é que existem muitos jogos educativos, por exemplo. Meu filho só quer saber de celular, então estabeleço as regras para driblar esse problema e incentivo a brincar de carrinho, bicicleta e outras brincadeiras do nosso tempo .” Cirene Oliveira, mãe do Heitor de 3 anos e meio. O pequeno tem um perfil no instagram onde postam fotos super fofas e estilosas. O perfil, é claro, sempre monitorado pelo pais. ( @heitor_olirez).
- A tecnologia está facilmente á mão. Minhas filhas são super tecnologicas, e veem no mundo digital o espelho do que querem ser quando crescer, youtubers, digital influence … Não posso deixa-las fora desse meio, mas me preocupo, oriento e acompanho de perto . Conta Mariza Martins, mãe da Rafaela (@rafaelamcampolina) de 13 anos e Marcella (@campolinamarcella) de 6 anos.
- “Sou a favor desde que o lazer seja dividido em partes. É importante as crianças interagirem com as novas tecnologias para não ficarem desatualizadas . Cabe a nós pais, fazer o monitoramento diário sobre os conteúdos escolhidos por elas. Mas acho de extrema importância o lazer que estimula a atividade física porque estes dispositivos eletrônicos podem gerar o sedentarismo e comprometer a saúde das mesmas.” Anderson Palhares , pai do Raphael de 4 anos.
- “Meus filhos nasceram no meio tecnologia , por isso sou a favor sim . Mas tudo tem que ser acompanhado de perto. Não podemos simplesmente limitar as crianças, temos que educar, ensinar a usar essas novas mídias com responsabilidade. ” Lisiane Braga, mãe de Pedro de 11 anos..
- A psicóloga Gisele Gomide alerta para ter sempre bom senso e fazer uso moderado da ferramenta. “Precisamos sempre ter em mente que o exagero é quase sempre prejudicial, é preciso equilibrar. Ou seja, nunca permitir e permitir sempre não nos leva para o caminho mais assertivo. O monitoramento das atividades das crianças sempre será necessário e importante. Se você está com dificuldades de limitar ou de identificar se seu filho (a) está fazendo um uso saudável da tecnologia, procure ajuda de um profissional que possa te orientar a melhor maneira de lidar com a situação. ” Gisele Gomide – Psicóloga Clínica –Terapia Cognitivo Comportamental – CRP 04/36613.
O jornalista, professor e especialista em Novas Tecnologias Marcelo Sander fala como a tecnologia pode contribuir no crescimento e desenvolvimento das crianças.
As novas tecnologias podem auxiliar no que é aprendido em sala de aula. Minha filha, por exemplo, de seis anos, interage com aplicativos da faixa etária dela desde quando tinha dois anos. As cores, formas, números, evoluindo até o alfabeto e, hoje, gosta muito do Duolingo, um aplicativo que ensina inglês. Claro, ela também tem direito a assistir seus desenhos favoritos no YouTube ou na Netflix. A diversão também é importante.
Limites, desde sempre! É realmente viciante e temos que nos policiar quando usamos o telefone perto das crianças. Elas agem pelo exemplo. O sentimento é horrível quando sua filha diz: “mas você fica no telefone, papai. Por que eu não posso?”. Certo dia na escola a professora pediu para que as crianças desenhassem os pais. Minha filha me desenhou deitado no sofá com o telefone na mão. A carapuça serviu direitinho. A linha é tênue. Não podemos negar essa fantástica tecnologia às nossas crianças, mas também devemos evitar que elas percam a melhor fase da vida submersas no mundo virtual, ainda mais em um período em que elas estão desenvolvendo a capacidade de interagir com o mundo real, com as pessoas. Prefiro não especificar um tempo máximo de exposição, mas reforçar que pra tudo tem hora: brincar, estudar, comer, dormir, ver TV e ficar no tablet ou celular. E os pais, claro, devem dar o exemplo (como é difícil…rs).
É um baita desafio ter que lidar com essa geração que já nasce conectada. De vez em quando encontro aplicativos que não instalei no meu celular e fotos e vídeos que não fiz. É uma geração “pós-digital”. Para eles, não existe estar conectado ou não conectado. É tão natural quanto eletricidade, água. Outro dia fomos pra roça e tentei explicar pra minha filha que no local em que estávamos não tinha internet. Ela me perguntou o que era internet (rs). Em casa tento mesclar diferentes mídias com minhas filhas. Assino revistas, às vezes compro jornal. Imprimo desenhos para elas colorirem. Soltamos pipa. Brincamos com jogos de tabuleiro ou esportes como queimada, vôlei, peteca e ping pong. O maior desafio é encontrar esse ponto de equilíbrio entre o real e o virtual. Ambos são importantes.
Eu sou completamente à favor do uso de tecnologia pelas crianças. Acho que o mais importante é colocar a criança como protagonista e não apenas receptora passiva do que acontece. Outro dia percebi que minha filha preferia assistir a vídeos no YouTube com crianças brincando com brinquedos do que a desenhos. Diante disso, propus a ela: “que tal gravarmos nossos próprios vídeos com você brincando?”. Ela topou na hora. A gente combina o roteiro antes, seleciona os brinquedos, grava, regrava, edita, insere música e coloca no YouTube. Ela acha o máximo contar para parentes e amigas que tem vídeos dela no YouTube (rs).
A tecnologia serve também para educar. Ela é como uma faca. Pode tanto matar alguém como fatiar uma suculenta picanha. É uma ferramenta incrível se bem utilizada. Além de impor limites, acho importante acompanhar o que os filhos fazem e assistem na internet, tentar ser amigos nessas horas e orientar tipo “que tal assistirmos um desenho mais educativo ao invés desse mais violento?” ou “vamos jogar um game online que nos ensina algo e não esse que não serve pra nada?”. É função nossa enquanto pais orientar os gostos pessoais dos filhos também na tecnologia, assim como fazemos com música e com comida, por exemplo. Outro dia minha filha me fez uma pergunta que eu não sabia responder. Ela mesma tentou ajudar: “pesquisa no Google, papai”. É por aí. rs.
- Luiza ( filha), Renata ( esposa), Marcelinha ( filha) e Marcelo Sander). Foto: Quin Drummond
- Jornalista, especialista em Marketing Político, Gestão de Projetos Culturais e Web Jornalismo. Palestrante e professor de Novas Tecnologias, Marketing Digital, Comunicação Empresarial e Mercado Profissional nas Faculdades Promove. Gerente de Gestão Estratégica e de Resultados da Secretaria Municipal de Orçamento, Planejamento e Tecnologia de Sete Lagoas. Editor do blog www.mercadowebminas.com.br. Com passagens por agências digitais em Belo Horizonte, Governo de Minas, Prefeitura de Sete Lagoas e Câmara Municipal, trabalha com conteúdo web desde 2001.