Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha: Desafios no acesso ao pré-natal para mulheres pretas e pardas
O Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, é um momento crucial para reforçar a luta histórica das mulheres negras pela sobrevivência em uma sociedade permeada por estruturas racistas, misoginia e machismo. Este dia nos convida à profunda reflexão sobre as experiências dessas mulheres e sublinha a importância fundamental da assistência pré-natal para todas de maneira igualitária.
Os índices de cuidados pré-natais adequados são significativamente mais baixos entre as mulheres negras, como revelado na Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, realizada pelo Ministério da Saúde em colaboração com a Fiocruz. Segundo o levantamento, 13,4% das mulheres pretas e pardas iniciaram o pré-natal no segundo trimestre da gravidez, considerado tardio. Em contraste, o percentual entre as mulheres brancas foi de 9,1%.
A Dra. Lilian de Paiva, presidente da Comissão de Assistência Pré-natal da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), destaca que existem disparidades raciais no acesso ao pré-natal em muitos países.”Diversos estudos têm identificado que mulheres de minorias étnicas ou raciais enfrentam maiores dificuldades para obter cuidados pré-natais de qualidade em comparação com mulheres brancas. Essa desigualdade pode resultar em maior risco gestacional, com aumento da morbidade gestacional e perinatal”, enfatizou a médica.
Para melhorar esse cenário, a especialista da FEBRASGO cita algumas medidas essenciais que podem ser adotadas:
Acesso equitativo aos serviços de saúde: É crucial garantir que todas as mulheres, independentemente de raça ou etnia, tenham acesso igualitário a serviços de saúde adequados.
Educação e conscientização: Promover campanhas educativas e de conscientização que enfatizem a importância da assistência pré-natal, bem como os cuidados necessários durante a gravidez. Essas iniciativas devem ser especialmente direcionadas para a inclusão das comunidades minoritárias.
Expansão da rede de serviços de saúde: Ampliar a disponibilidade de serviços de saúde para tornar a assistência pré-natal mais acessível em áreas com maior concentração de minorias raciais.
Monitoramento de indicadores de saúde materna: Implementar sistemas eficazes de monitoramento dos indicadores de saúde materna nessas comunidades, o que é essencial para orientar políticas e intervenções direcionadas.
“Essas medidas são fundamentais para promover uma assistência pré-natal mais equitativa e eficaz, contribuindo para reduzir as disparidades de saúde entre diferentes grupos raciais e étnicos”, explica.
Como funciona a consulta de pré-natal?
O acompanhamento médico durante a gestação é fundamental para garantir a saúde da mãe e do bebê. Segundo a especialista da FEBRASGO, esse acompanhamento deve iniciar logo após o diagnóstico da gravidez, preferencialmente no início do primeiro trimestre. Durante a primeira consulta, é realizada uma avaliação detalhada do histórico de saúde da gestante, incluindo a solicitação de exames laboratoriais e ultrassonográficos.
Além disso, é recomendado o uso de suplementos que contenham ácido fólico, possivelmente combinado com outras vitaminas, para garantir o adequado desenvolvimento fetal. Essas medidas são essenciais para prevenir complicações gestacionais e assegurar um curso saudável da gravidez.
As demais consultas têm periodicidade mensal, tornando-se quinzenais no final da gestação. Durante essas consultas, são realizadas aferições da pressão arterial, peso da gestante e altura uterina. Os batimentos cardíacos fetais também são monitorados regularmente. É essencial prestar atenção às queixas e dúvidas trazidas pela gestante ao longo das consultas. Além disso, durante esse acompanhamento são discutidos temas como o plano de parto, opções de parto, cuidados pós-parto, amamentação e os primeiros cuidados com o recém-nascido.
Exames Principais
Exames laboratoriais: Durante a gravidez, são realizados diversos exames para monitorar a saúde tanto da gestante quanto do bebê, incluindo exames de sangue, urina, teste de glicemia, entre outros.
Ultrassonografias: Essenciais para acompanhar a morfologia, o desenvolvimento e a vitalidade fetal, as ultrassonografias são indicadas para determinar o tempo de gestação e identificar possíveis complicações.. Fornece informações como a localização da placenta, a quantidade de líquido amniótico, fatores importantes para o bem-estar fetal.
Sinais de alerta para as gestantes
A Dra. Lilian alerta que certos sinais durante a gestação requerem atenção imediata. Estes incluem qualquer tipo de sangramento vaginal, mesmo que pequeno, que deve ser comunicado ao médico. Dores abdominais intensas e persistentes também são sintomas preocupantes que necessitam de avaliação médica. Além disso, a diminuição significativa dos movimentos fetais deve ser relatada ao médico. Outros sintomas alarmantes incluem tonturas, alterações visuais como visão turva, manchas ou flashes de luz, dor de cabeça intensa, e inchaço repentino nas mãos, rosto ou pés. “A perda involuntária de líquido claro e inodoro pela vagina também requer atenção médica imediata. É fundamental que a gestante com qualquer um desses sintomas entre em contato com seu médico ou procure atendimento médico sem demora”, disse a médica.
Dicas para que as gestantes possam ter um estilo de vida saudável
Algumas recomendações importantes incluem adotar uma dieta equilibrada, que inclua alimentos ricos em nutrientes como frutas, verduras, legumes, grãos integrais, proteínas magras e laticínios. É crucial garantir o consumo adequado de ácido fólico, ferro, cálcio, ômega-3 e outras vitaminas e minerais essenciais durante a gestação.
Além disso, é recomendável beber bastante água para manter-se hidratada e evitar bebidas com alto teor de açúcar e cafeína. “Praticar exercícios físicos é benéfico, com orientação médica e liberação adequada, com atividades como caminhadas, ioga, natação, hidroginástica e pilates, que podem melhorar a circulação, aliviar desconfortos e manter a forma física ao longo da gravidez”, explica.
Evitar hábitos prejudiciais como consumo de álcool, cigarro e drogas ilícitas, pois podem causar danos graves ao desenvolvimento do feto. Garantir sono e descanso adequados, comparecer a todas as consultas do pré-natal e seguir as orientações médicas são fundamentais. Não se automedicar também é essencial para garantir a saúde da gestante e do bebê.
Por Assessoria de Comunicação