Outubro Rosa: exame indica suscetibilidade genética a câncer de mama e pode ajudar a modular genes

Outubro Rosa: exame indica suscetibilidade genética a câncer de mama e pode ajudar a modular genes

Distante de ditar uma predeterminação, um exame genético indica apenas uma suscetibilidade, que pode e deve ser amenizada, por meio de hábitos saudáveis de vida, incluindo a dieta, que ajudam a modular expressão dos genes.

Outubro Rosa é um movimento que pretende conscientizar as mulheres sobre a importância de se realizar anualmente o exame preventivo para monitorar a saúde das mamas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer é a segunda doença crônica que mais mata no mundo. Mas, além de afetar o corpo, a doença também afeta o psicológico do paciente, principalmente a autoestima, o que acaba interferindo nas relações sociais do indivíduo. Por esse motivo, o autoexame da mama é indicado, além da visita regular ao ginecologista e a realização da mamografia de acordo com a orientação do médico. “Mas o exame genético também pode ser importante para diminuir os riscos de ter a doença”, afirma o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene, que tem um exame especial de perfil de genotipagem para exame de mama.

      O câncer de mama é um dos cânceres mais comuns em mulheres, embora ele também possa aparecer em homens. “Ele é causado quando as células da mama sofrem mutações que as fazem se multiplicar de maneira anormal, formando um tumor. Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta disso de fatores genéticos, a doença evoluirá de formas diferentes. O exame analisa 48 variantes genéticas ligados ao câncer de mama e contabiliza a presença de alelos favoráveis – que protegem contra o câncer de mama – e desfavoráveis – que aumentam o risco de aparecimento da doença – a fim de entender qual a sua suscetibilidade genética para desenvolver essa enfermidade”, diz o geneticista. Além disso, o laudo também conta com informações personalizadas para cuidados ligados à prevenção, ainda que seu risco seja pequeno.

Embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade. “É fundamental que se entenda que o exame não nos mostra uma predeterminação: ele apenas analisa a suscetibilidade, que pode e deve ser amenizada, por meio de modulação da expressão dos genes, através de bons hábitos de vida”, destaca o geneticista.

Genes envolvidos – O gene SOD2 é um membro da família do superóxido ferro/manganês e codifica uma enzima de matriz mitocondrial, que atua como antioxidante. “Alguns genótipos desse gene levam a uma menor atividade enzimática, com capacidade antioxidante reduzida em no mínimo 33%. Alguns estudos associaram esse genótipo a um maior risco de desenvolvimento de câncer de mama em mulheres que consumiam abaixo da média o consumo de frutas e vegetais (<764 g/dia), vitamina C (<155 mg/dia) e Vitamina E (<7,5 mg/dia). É importante lembrar que essa menor capacidade antioxidante ‘natural’ pode favorecer o acúmulo de danos no DNA, o que pode levar a maior risco de infertilidade, envelhecimento prematuro, perda auditiva, entre outros problemas”, afirma o geneticista. “Nesses casos, quando a produção de radicais livres é alta e por um tempo prolongado, a reposta antioxidante endógena pode não ser suficiente, o que torna necessário em um primeiro momento a ingestão de precursores de antioxidantes endógenos, como manganês, zinco, cobre, ferro e selênio para otimizar a capacidade antioxidante endógena, que é a produção de enzimas antioxidantes pelo organismo. Em um segundo momento, caso a produção de radicais livres supere a capacidade antioxidante endógena, torna-se necessário a utilização de antioxidantes, até mesmo por suplementação, como vitamina C e E, polifenóis, flavonóides, carotenóides, entre outros”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Portanto, a suscetibilidade genética relacionada a menor capacidade antioxidante da SOD2 pode ser muito reduzida com aporte adequado de precursores de antioxidantes endógenos e, quando for o caso, com maior aporte de verduras e legumes ricos em antioxidantes e consumo adequado de astaxantina, vitamina C, sulforofano, resveratrol e dindolilmetano”, diz o geneticista. 

      Segundo a médica, medidas que podem ajudar a prevenir o câncer de mamas, baseado em importantes estudos científicos, incluem: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso, já que a obesidade está relacionada ao aumento do risco de vários canceres, incluindo o de mamas; atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar. “Visite regularmente o seu ginecologista e realize a mamografia periodicamente de acordo com a orientação do seu médico”, finaliza a médica.

FONTES:

*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

*DR. MARCELO SADY: Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.

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