Escrevo este artigo no histórico (pelo menos para mim) domingo, dia 15 de julho de 2018, no qual pude compartilhar conversas e um bom mate quente com o Ex-Presidente Pepe Mujica.
Sempre ouvimos falar da simplicidade deste homem, chamado, quando presidente, de “o presidente mais pobre do mundo”, mas conhecê-lo pessoalmente e presenciar essa humildade é realmente algo mágico.
Mujica não é muito afeito às fotografias, ou a modernidades, mas foi extremamente receptivo e brindou a mim – e mais dois amigos que me acompanharam – com cerca de 1 hora de boa conversa e um bom mate quente, na fria Montevideo do Inverno Uruguaio.
Estamos falando de um Ex Chefe de Estado, conhecido por todo o mundo, respeitado, idolatrado e tido como exemplo por muita gente! Por outro lado, tenho que dizer que é verdade que no Uruguai muitas pessoas dizem que “não é um bom administrador público” e não o idolatram tanto assim.
Nesta marcante data em que escrevo este texto, Mujica é um senhor de 83 anos de idade.
Este 15 de julho de 2018 foi dia de Final da Copa do Mundo FIFA, dia em que os “Le Blues” – seleção francesa – se sagraram bicampeões mundiais, derrotando a brava Croácia. Conversamos sobre futebol com Pepe e ele disse que “perdeu-se muito da mágica desse esporte, agora só querem saber de dinheiro”.
Seguimos a conversa, passando por vários temas, claro, entre eles, Política e Relações Internacionais.
Eu e meus amigos somos advogados e estudantes de mestrado no Uruguai, sede do Mercosul, justamente na temática de Direito das Relações Internacionais e Integração da América Latina e, por isso, buscamos focar nossa conversa nesse tema.
Pepe Mujica nos chamou atenção para o Poderio da China, afirmando que “não é uma nação apenas, é um continente com outras 40 nações, com 40 idiomas distintos, que, de uma forma ou entra estão integrados”, disse ainda que “da mesma forma, há uma certa integração na região russa e uma grande integração na Europa…enquanto isso, nós, da América Latina não nos integramos de verdade e continuamos reproduzindo as estruturas de colonização“.
Nesse conversa, concordamos que todos os países da América Latina deveriam ensinar espanhol e português nas escolas deste os primeiros anos de alfabetização, também conversamos sobre como os Europeus se enxergam primeiro como europeus, para depois se enxergarem como italiano, português, espanhol, francês, por exemplo. Constatamos que nós, latinos, por outro lado, não temos essa consciência como latinos em primeiro lugar, para só depois, nos pensarmos como brasileiro, argentino, uruguaio, etc.
Mujica disse ainda que, a bem da verdade, os países da América Latina disputam entre si o comércio internacional, mas que, o ideal seria, por exemplo, pensando numa fábrica de carros, que “o Brasil produza uma parte, a argentina a outra e o Uruguai, pelo menos o para-brisa, mas que a participação comercial seja de todos”.
Ainda, falando sobre a integração da América Latina, o que Pepe disse com sua sabedoria foi que “essa conversa de integração é muito importante, mas fica muito no campo teórico. A grande massa de pessoas dos países da América Latina não fazem ideia disso, não pensam nisso….o presidente Lula foi quem mais buscou essa integração, mas mesmo assim foi insuficiente”.
Enfim, essa marcante conversa com Pepe Mujica gerou diversas reflexões, sobretudo sobre humildade, valores do consumismo, visão de mundo e de América Latina e a minha intenção foi de compartilhar um pouco com vocês, latinos como eu, essa visão que venho adquirindo no Uruguai, fortalecida pelas palavras de Pepe e pelos estudos por aqui desenvolvidos.
E você, já pensou na Integração da América Latina? Se enxerga como um latino-americano? Gostaria de conhecer Pepe Mujica?