Possível união entre Polícia Civil e Militar gera divergências

A proposta de unificar as polícias civil e militar está sendo discutida em várias cidades polos do país, sob condução do deputado federal delegado Edson Moreira (PR-MG).  Nesta sexta-feira dia 08, foi a vez de Sete Lagoas: a pedido do vereador Gilberto Doceiro (PMDB), a Câmara Municipal realizou na sexta-feira, 08, uma audiência pública para discutir o assunto com autoridades locais. “A sociedade como um todo é a favor da unificação e os pontos de divergência podem ser discutidos e modificados”, afirma o deputado federal Edson Moreira.

A proposta visa criar uma nova polícia, com ingresso único, academia de formação única, diminuindo, assim, os gastos públicos com essa formação. Para o vereador Gilberto Doceiro, a audiência serve como uma orientação da direção para a qual as discussões devem seguir. “É um assunto polêmico, mas não podemos fugir dele”, afirma.

Neste novo modelo de polícia, a União seria responsável por legislar sobre a estrutura policial, mas a corporação continuaria subordinada aos governos estaduais e ao Distrito Federal. O assunto gerou muita discussão e ressaltou a polarização de opinião entre a polícia militar e a civil. O Major Lázaro, assessor do comandante geral da Polícia Militar de Minas Gerais, se posicionou contra a unificação que, segundo ele, é “inviável” e “inexequível”. “A unificação das polícias significa um alto custo para a população brasileira. Estima-se em aproximadamente R$100 bilhões para unificar essas duas estruturas, quando a melhor solução seria que cada polícia adotasse um modelo de eficiência policial, como acontece nos países desenvolvidos”, afirma o militar.

Já a polícia civil, representada pelo chefe do 14º departamento da Polícia Civil de Curvelo/MG, Flávio Tadeu Destro, e pela delegada regional Mariza Andrade, demonstrou ser favorável à unificação, desde que haja primeiro, uma estruturação da polícia civil. “Hoje, a polícia civil respira por aparelhos. Há sete anos foi feito um estudo apontando a necessidade de 19 mil homens atuando, hoje temos apenas 8 mil profissionais. Em Minas Gerais temos um policial civil para cada 2113 habitantes.  E em cada dez cidades mineiras, quatro não têm delegacia de polícia, porque não tem policial civil”, disse. O delegado disse que defende, particularmente, a unificação, mas que não poderia falar pela polícia civil. “Eu não posso dizer se a polícia civil como instituição, é contra ou a favor, mas iremos atender o que a sociedade determinar”, afirmou.

Também participaram das discussões os vereadores Milton Martins (PSC), que defendeu a potencialização das polícias e Márcio Paulino (PMDB), que acredita na melhoria da segurança com a unificação; o prefeito Márcio Reinaldo, para quem a unificação pode ser uma solução a longo prazo; o secretário de Segurança, Trânsito e Transportes, cel Sílvio Augusto; o chefe da Guarda Civil de Sete Lagoas, João Simões, representante da OAB, Denilson da Silva, representante do Conselho de Execução Penal de Sete Lagoas, Cristiano Teixeira, o subcomandante do 25º Batalhão de Polícia Militar, Major João Batista de Freitas e o juiz aposentado Edilson Rodrigues.

Os resultados da audiência pública farão parte de documentos que compõem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que será votada na Câmara dos Deputados, após realização desta mesma reunião em outras cidades já definidas. “Saio daqui hoje esperançoso já que há uma movimentação no país em torno de segurança, porque a população está insegura”, conclui Gilberto Doceiro.

 

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