Prefeito fala em repatriação de recursos do município e destaca ETA ineficiente

Prefeito fala em repatriação de recursos do município e destaca ETA ineficiente

ESPECIAL ENTREVISTA

“Nós vamos fazer a repatriação de recursos do Município”, garante o Prefeito Leone Maciel   

Com exclusividade, o prefeito falou a Metropoli sobre o caos na saúde, nas folhas de pagamento, nas obras da ETA e na necessidade de fazer auditoria de investimentos públicos e até mesmo de exigir a devolução de recursos. Confira.

 

Como o senhor encontrou a Prefeitura e como classifica a situação? Caótica?

Leone Maciel – Caótica, porque a primeira providência de todas as políticas públicas a número 1 é saúde pública e o pagamento dos agentes públicos. Nada disso foi encontrado. A saúde sucateada, a UPA que não é UPA, o PA do Belo Vale fechado, as portas do atendimento médico todas fechadas. O Hospital Municipal da mesma forma, sem insumos nenhum. Abastecimento sem regularidade, a saúde sem insumo. Três folhas de pagamento atrasadas. E nós acabamos de pagar o 13º devido à repatriação, mas não foi o suficiente, foram R$ 3,4 milhões. O Município teve que inteirar R$ 650 mil para completar o 13º. A situação é caótica. E nós temos que fazer o quê? Aproveitar o momento e realmente pontuar readmissões se forem necessárias. Mas se não forem teremos que rever, tirar a gordura da máquina. Trabalhar com pessoas necessárias para que com que os serviços públicos, as políticas públicas sejam tratadas com dignidade. Então a situação é caótica. Te dou um exemplo: o SAAE deve R$ 16 milhões só de energia elétrica. A Vina tem R$ 3 milhões a receber de limpeza urbana. A folha de pagamento, que é de R$ 21 milhões por mês, está com dois meses de atraso, então são R$ 42 milhões.

De onde o senhor vai tirar tanto dinheiro para, por exemplo, quitar a folha?

Leone Maciel – Na verdade, o que nós temos é a repatriação de recursos. Eu disse que pagaria em dia os serviços prestados a mim, de 1º de janeiro em diante. Quanto às outras folhas nós vamos chamar o funcionalismo e repactuar, vamos chamar os representantes dos servidores públicos, repactuar, parcelar e quitar essa dívida durante todo o ano de 2017. É meramente impossível falar que vou pagar a folha de novembro, dezembro tão rapidamente. Mas acredito que durante os doze meses, a dívida é do Município e sendo do Município hoje a dívida é minha, tenho que assumi-la. Nós vamos fazer com que durante o decorrer do ano vamos colocar a folha em dia. O que eu posso também garantir é que a folha de janeiro vai ter pontualidade, assim como a de fevereiro, durante o meu mandato vai ter pontualidade. E de forma gradativa e permanente, nós vamos amortecendo esses débitos, resgatando essa cidadania, principalmente com o servidor público.

Prefeito, o senhor considera que a herança que recebeu é fruto de uma gestão administrativa irresponsável ou é de um cenário econômico totalmente desfavorável?

Leone Maciel – Eu posso definir para você como falta de eficiência de gestão. A gestão não era eficiente. Quando a gestão não é eficiente, óbvio, vai trazer um passivo descoberto. Você vai trazer uma situação deficitária.  O que teremos a fazer? O mesmo que você faz na sua casa. Se você pode atender a algum segmento, atender às necessidades primárias e secundárias, você atende. Se você não pode atender às necessidades secundárias, você atende somente as primárias. As primárias  são, logicamente, a  dignidade do pagamento dos salários. E o que se foi feito, fazendo grandes obras, você está vendo hoje aqui (referindo-se à Estação de Tratamento de Água). As grandes obras que gastaram R$ 170 milhões não têm eficiência.  Ela dá é prejuízo. Por quê? Porque poderia tratar de 500 litros de água por segundo e está tratando 140 litros por segundo. Então, na verdade, falta energia, a obra não está acabada, e na verdade nos temos que auditar (a obra da ETA). Auditar por quê? Receberam uma obra que não poderiam ter recebido. Se você ver um laboratório que não está dentro das normas, se você ver os tanques de decantação e de pureza das águas todo com infiltração. Você vê que houve falta de energia há poucos dias. Você na captação, no remanso do rio, previu que teria que ter uma draga aqui. A draga está no projeto. Mas não colocou a draga. E aí vai. Então, qual é a solução aqui hoje? A solução é exigir que a empresa tenha responsabilidade civil para fazer com que as obras sejam realmente entregues  em conformidade com o projeto. Agora, no dia a dia, temos que fazer o que?  Trabalhar com o mínimo necessário de pessoal para atender as políticas públicas. É dessa forma que as coisas vão acontecer. Dessa forma as pessoas vão receber. Dessa forma as pessoas vão ter saúde. Dessa forma nós teremos uma cidade não a mil por hora, mas pelo menos incomodando menos os munícipes. O mais importante do gestor é não incomodar os munícipes. Nós vamos fazer com que as políticas públicas sejam tratadas e o prefeito seja esquecido. No momento em que você tem saúde, tem remédio, tem educação, tem segurança pública, ninguém lembra do prefeito, porque está exatamente cumprindo sua obrigação.

O senhor falou de saúde. O serviço de Oncologia vai permanecer ou não em Sete Lagoas?

Leone Maciel – Está na iminência de ir (para a cidade de Curvelo). Está na iminência de ir, porque não cumpriu certas formalidades exigidas pelo Ministério da Saúde. Não cumpriu certas pactuações exigidas pela Secretaria de Estado da Saúde. Radioterapia não existe. Tem quimioterapia mas não tem a radioterapia. Então não se cumpriram as metas. Por isso que estamos perdendo a oncologia. Se o hospital (Hospital Nossa Senhora das Graças) não se precaver, vai perder a cardiologia também.

Uma palavra para definir esse quadro.

Leone Maciel – Caótico. A situação em Sete Lagoas é caótica em todos os segmentos. Existe um desequilíbrio fiscal, econômico e social muito grande.

Hoje o senhor completa apenas seis dias de Governo. Arrepende-se de ter sido candidato?

Leone Maciel – Não (com ênfase). Em hipótese nenhuma! Eu acredito que todo candidato teria que ter em mente que receberia ativos e passivos. Muitas vezes situações desequilibradas, mas em certos casos superavitárias. No meu caso, recebi situações deficitárias: socialmente, economicamente, em todo tipo de visão. Mas isso tem solução? Tem. Como vamos sair dessa? Gestão eficiente. Fazer com que as coisas acontecem, com que o dinheiro público seja tratado com precaução e com o mesmo equilíbrio que trata o dinheiro seu. Você não pode gastar com obras faraônicas e receber essas obras, como a ETA. Estava previsto um financiamento de R$ 72 milhões. Foi no meu tempo que deixei. Recursos garantidos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas gastou R$ 170 milhões. O que evidenciamos hoje? Receberam a obra de forma irresponsável. Agora, precisamos saber, o presidente do SAAE vai saber e auditar para saber quem recebeu e chamar a empreiteira e dizer: vocês têm que cumprir. O dinheiro público foi gastado de forma torrencial. Não é sensato.  A obrigação do prefeito, da Câmara de Vereadores é fiscalizar. Convido a Câmara atual a fiscalizar as obras que foram feitas. É preciso fazer como foi feito com a repatriação de recursos no exterior a nível nacional. Mas a nível municipal precisamos fazer a repatriação de recursos. Nós vamos fazer a repatriação de recursos do Município.

Reportagem: Caio Pacheco 

 

 

 

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