Família dá exemplo de solidariedade e doa órgãos de jovem de 21 anos

O Hospital Nossa Senhora das Graças foi testemunha de um exemplo de solidariedade nesta quinta-feira.

Na noite do último sábado, o estudante Wellington Rocha Vieira, de 21 anos, se despediu da mãe quando ela viajou para a casa de parentes. Ele decidiu ficar em Sete Lagoas para ir ao casamento de um amigo. Já à noite, quando se preparava para sair, passou mal. “Ele desmaiou no passeio, antes de subir na moto. Minha filha, que estava em casa, estranhou não ter ouvido o barulho do motor e foi até o portão. Foi então que ela encontrou o irmão caído no passeio, do outro lado da rua”, relata dona Jovelina Rocha, mãe de Wellington.

O noivo da irmã foi quem colocou o jovem no carro e o levou para a UPA. De lá, ele foi transferido para o HNSG, na madrugada de domingo para segunda. Naquele momento, apesar de ter esperanças, dona Jovelina já sentia que o filho não voltaria mais. “Eu já estava há alguns dias com aquele sentimento de que alguma coisa ruim ia acontecer, mas nunca imaginei que fosse com ele”, relembra. A confirmação da morte encefálica, decorrente de uma hemorragia cerebral, só veio na última terça-feira (28). E foi neste momento que a família precisou tomar uma decisão sobre a doação dos órgãos do filho.

Jovelina conta que Wellington sempre foi um filho muito bom. “Ele era alegre, daqueles que contagiava a casa inteira. Era estudioso e queria abrir seu próprio negócio. Estava sempre sorrindo e gostava de fazer o bem. Os amigos da Faculdade estão desolados”. O estudante era um doador frequente de sangue e já havia deixado claro para a família que, se algo acontecesse, ele gostaria de doar seus órgãos. “A gente conversava muito sobre isso. Ele me convenceu de que a vida pode continuar mesmo depois que alguém morre. Hoje eu tenho uma dor profunda por ter perdido meu filho, mas sei que é o que ele gostaria que a gente fizesse e que também, com a doação, a gente vai evitar que outras mães passem pelo mesmo sofrimento que eu estou passando, de perder meu filho”, explicou.

Depois de realizados os exames de praxe, a equipe do MG Transplantes chegou ao HNSG para a retirada de rins, fígado, coração e córneas. Ao todo, dezenove profissionais estavam envolvidos na coleta. Nove cirurgiões trabalharam ao lado do anestesista Dr. Leonardo Matos, do HNSG, das enfermeiras da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) Adriane Pontelo, Bruna Lanza e Monique Campolina, as enfermeiras do bloco cirúrgico Polianna Lucena e Poliana Ribeiro, das auxiliares de enfermagem Solange Marques e Vânia dos Santos e de outras duas profissionais de enfermagem do MG Transplantes.

Coração, rins, córneas e fígado foram levados, pela equipe do MG Transplantes, para o Hospital das Clínicas em Belo Horizonte. Para dona Jovelina, doação é a certeza de que, de alguma forma, seu filho ainda continuará vivo. “Em algum lugar, o coração dele continua batendo. Ele ficaria feliz em saber que está ajudando outras pessoas a terem uma vida melhor”, disse.

Para a CIHDOTT, esse foi um belo exemplo de como é importante que as pessoas externem o seu desejo aos familiares. “Somente assim será assegurado que o processo de doação se conclua e outras vidas sejam salvas”. A Comissão agradeceu à família de Wellington e declara o quanto é gratificante ver a solidariedade prevalecer em um momento tão difícil e em especial ao Dr. Aloísio Nascimento e a toda equipe envolvida nos cuidados com o paciente, tanto no bloco cirúrgico quanto na UTI adulto, desde sua entrada no HNSG.

Para mais informações leia: http://hnsg.com.br/hnsg-recebe-equipe-do-mg-transplantes-para-captacao-de-orgaos/

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