Mulher X Educação: Entrevista com a publicitária, jornalista e professora Nana Andrade

Mulher X Educação: Entrevista com a publicitária, jornalista e professora Nana Andrade

Dizem que a educação abre portas, e de fato abre. Mas infelizmente, nós, mulheres, demoramos a ter acessos aos estudos, assim como muitas outras privações ao sexo feminino. Conversamos sobre o assunto com a publicitária, jornalista e professora Nana Andrade.

 Acompanhe abaixo:

Metropoli: Em um passado não muito distante a mulher era privada de fazer as escolhas acerca de si própria e do mundo. Felizmente isso tem mudado e muito. Em sua visão, a que se deve esse fato?

Nana Andrade: Acredito que as privações e limitações impostas às mulheres em nossa sociedade se devem ao fator histórico de uma sociedade pautada no patriarcado e machismo intrínseco à esse molde de organização social. As mudanças desse cenário se devem, creio, às transformações evolutivas das sociedades, às novas concepções e demandas de mercado, família, construção filosófica e social, mentalidade individual e nas lutas empreendidas pelas mulheres na busca de seus direitos, e liberdades individuais. O acesso à educação, mesmo que ainda restrito, contribuiu de forma ímpar para essa transformação de cenário, que mesmo longe do ideal, nos dá sinais de que é possível.  ser alcançada. Romper com padrões arcaicos demanda tempo e luta, mas estamos no caminho.

M: As mulheres foram se modelando com o passar do tempo e assumindo suas profissões e expondo suas perspectivas a cerca do mundo.  A educação era uma das coisas das quais as mulheres foram privadas. Qual a importância do conhecimento para esse novo perfil de mulher?

NA:O conhecimento desprovido de vontade, ação e imaginação de nada vale. O acesso à educação nos possibilitou muitas conquistas e progressos, mas a imaginação e vontade de romper com o que não nos agrada, é o que nos possibilita ir além. Muito foi feito, mas há outros infinitos a serem conquistados. A auto aceitação, em muitos casos, o respeito a igualdade de direitos e a auto identificação como seres sociais e autônomos são alguns desses infinitos. A conquista do direito à educação não basta, sem a sede do saber, a vontade do construir, do conquistar, os livros e as escolas perdem sua razão de ser. E isso não se aplica somente ao gênero feminino, mas à raça humana.

“A imaginação é mais importante que o conhecimento. Conhecimento auxilia por fora, mas só o amor socorre por dentro. Conhecimento vem, mas a sabedoria tarda.” Albert Einstein 

M: As mulheres passaram a enxergar o mundo e entenderam que podem optar por ser o que quiserem. Embora muito tenhamos ganhado em espaço. Além de  jornada dupla, tripla, e a diferenciação de salários (em uma função onde o trabalho e a jornada é igual para o homem), o preconceito com a classe ainda é grande. A seu ver, como podemos driblar essas barreiras? 

NA:Resistência! Resistência e uso de nosso papel de transformadoras e educadoras. Mesmo sendo empresárias, pedreiras, jornalistas, diaristas, diretoras, gerentes, médicas, palhaças, cientistas… somos educadoras, tias, mães, avós, professoras… Uma mudança de postura social, a médio e longo prazo, está mais nas nossas mãos do que imaginamos. A grande maioria de nós, foi criada e educada dentro dos moldes patriarcais e machistas e em grande parte das vezes, mesmo sem perceber, multiplicamos. Cabe a nós, no papel de formadoras, iniciar a mudança de pensamento e postura que queremos, através da educação de nossos filhos, sobrinhos, amigos, alunos…

Resistir e denunciar as ações abusivas, preconceitos e limitações a nós impostas é uma maneira de combater esse modelo de opressão, é uma maneira de nos colocarmos em situações de voz e vez. A militância honesta, em favor da humanidade e respeito à mulher, independente de sua orientação sexual, religiosa ou posicionamento social e político, é, ao meu ver, a melhor arma que temos nessa luta cotidiana. Sem extremismos. A luta coletiva é a chave de qualquer transformação.

M:Em sua profissão já sofreu algum preconceito por ser mulher? Já sofreu preconceito por ocupar uma posição de destaque?

NA:Seria falso e ilusório dizer que não. Principalmente sendo mulher, negra e de origem periférica. O preconceito com relação a mulher é uma realidade em todas as profissões, em todas as esferas sociais.

M: Deixe uma mensagem as mulheres.

NA:Ocupar e Resistir! Lugar de mulher é onde ela quiser. Então, não deixem que te digam o que pode ou não pode ser, fazer, pensar, querer… Somos fortes, somos luta, somos vida, e assim sendo, tudo podemos! Isso é um fato, e como já dizia um velho provérbio português: “Contra fatos, não há argumentos.”  

 

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